terça-feira, 20 de março de 2012

Lembranças...

Texto enviado pela querida prima, amiga e  seguidora do blog "De Vovó para Vovó".

 Mari, querida vovó, não vai aqui nenhuma receita  para as vovós.
Simplesmente me deu um saudosismo dos momentos que eu tive quando criança.
São momentos imperdíveis que se deve perpetuar com os nossos netos.
Há tantas histórias e  situações variadas que com um bom encontro, as vovós podem contornar.
Nada mais usarão  do que o amor e a paciência. E devem entrar neste mundo mágico que às vezes está tão esquecido pelas atribulações modernas,  não é mesmo?

                  
                                                                    Era uma vez....

      

       Em muitos sábados e domingos,meu pai se esparramava pela poltrona preferida dele e começava a contar suas histórias maravilhosas.Umas lidas de livros trazidos nas suas viagens ao Rio e Buenos Aires e outras inventadas por ele mesmo.E nós ficávamos ali,eu e meus irmãos, aos seus pés, quase sem respirar  de tanta emoção.
        Era uma vez... Que palavras mágicas! Este encantamento nos acompanhou por toda a vida. Eram histórias de piratas, de reis e rainhas, de príncipes e princesas, de pessoas absolutamente comuns, de fadas, de bichinhos que falavam e que encantavam a nossa imaginação. E a grande habilidade do nosso contador particular era o fato de reconhecermos nos nomes e qualidades dos muitos personagens a nossa família, nossos vizinhos e nossos amigos.O tio Barata, como era conhecido, situava suas histórias  nos jardins e nas casas de nossas infâncias.
       Havia uma árvore muito frondosa,linda ,com florinhas brancas e cheia de espinhos no fundo do nosso quintal na Glória.  Nas nossas lembranças, ela era muito, mas muito grande e rodeada de urtigas viçosas. Numa das histórias do tio Barata, ele nos assegurou que ali. no seu tronco,num buracão queimado por um raio, moravam os sete anões, amigos da Branca de Neve. É claro que sempre respeitamos os limites dos nossos pequenos vizinhos.
       Uma outra história que fez muito sucesso, entre nós, foi a da  velha bruxinha vestida de preto, que morava no terreno dos fundos. Sempre acompanhada com a sua vassoura mágica, espantava as crianças que queriam pegar as suas uvas ainda verdinhas. Um dia, a bruxinha, que até que era bem bonitinha, chegou lá em casa com uma poção de uma cor linda de presente para nós.  É isso mesmo, era um gostoso suco de uvas.
      Pegar ovos, no porão da casa, onde era o esconderijo preferido das galinhas, era uma aventura e tanto.  A dona Belinha, a dona Zulu e o seu Barnabé tentavam com bicadas poderosas nos afastar dali. Mas, o tio Barata, nos estimulava  na busca,dizendo que iríamos achar um ovo com a gema de ouro, como o João e o Pé de Feijão. Será que ele estava falando a verdade ou queria a nossa ajuda?
      Tivemos uma gata laranja muito ajeitadinha e manhosa,na rua Maranguape, que o pai dizia ter sido noiva do Gato de Botas.
      Tivemos um cachorro que ficou rico com o sorteio da loteria, Com essa fortuna, ele pôde indenizar, por muitos anos, as calças do carteiro que ele adorava morder.
     Até hoje temos uma dúvida. Onde se metia o tio Oscar, no dia de Natal, na hora da entrega dos presentes? Num ano lá, foi a tia Iedda que sumiu...
     Foram muitas histórias sempre contadas com entusiasmo.
     Como não passaria um mundo cheio de vivências e entretenimentos para os meus filhos e netos?
      Vovós queridas, contem sempre histórias reais ou inventadas para os seus pimpolhos. Eles vão adorar. Não se cansem de repetir MUITO as histórias. E quando quiserem atenção, de um neto de qualquer idade, comecem o encontro assim:     "Era uma vez..."
                    
              
De Vovó para Vovó: como é bom lembrar de nossas histórias e depois  poder contar aos nossos filhos e netos. Não é mesmo? Isso é VIDA!